Viosinho

Origem da casta: Casta não muito descrita na literatura. Lobo (1790) refere a casta em Murça, Alijó e Sabrosa. Foi referida como Véozinho-Verdeal, por Gyrão (1822), no Douro. A casta Véozinho-Verdeal também apareceu com esta denominação na tabela das castas de Lapa (1974) e em Vila Maior (1875), mas sem explicações. Viala e Valmorel (1909) referem a casta em Trás-os-Montes e foi mencionada com a actual denominação por Menezes (1900) com origem em Sabrosa (Douro).

Região de maior expansão: Douro.

Sinónimos oficiais (nacional e OIV): Não há.

Sinónimos históricos e regionais: Véozinho-Verdeal.

Homónimos: Desconhecidos.

Superfície vitícola atual: 100 ha.

Utilização atual a nível nacional: Abaixo de 0,2%.

Tendência de desenvolvimento: Ainda pouco significativa, mas com tendência crescente.

Intravariabilidade varietal da produção: Intermédia.

Qualidade do material vegetativo: Material policlonal RNSV, clone certificado 53 JBP.

Classificação Regional

Vinho de Qualidade DOC: «Porto», «Douro».

Vinho de qualidade IPR: «Planalto Mirandês».

Vinho regional: «Minho», «Trás-os-Montes», «Estremadura», «Terras do Sado», «Alentejano», «Açores».

Morfologia

Extremidade do ramo jovem: Aberta, muito fraca densidade de pêlos aplicados, pigmentação antociânica forte e generalizada.

Folha jovem: Acobreada, com forte pigmentação antociânica, fraca densidade de pêlos aplicados e ausência de pêlos erectos.

Flor: Hermafrodita.

Pâmpano: Face dorsal dos nós e entrenós com estrias vermelhas. Face ventral verde. Gomos sem pigmentação antociânica. Gavinhas médias.

Folha adulta: Pequena, pentagonal, com três a cinco lóbulos; limbo verde-escuro, perfil irregular, ligeiramente enrugado e médio empolamento, dentes médios, convexos e convexo-côncavos; seio peciolar pouco aberto, em V; seios laterais abertos em V; nervuras principais com forte pigmentação antociânica; página inferior com média densidade de pêlos aplicados entre as nervuras.

Cacho: Pequeno e medianamente compacto, pedúnculo médio, de média lenhificação.

Bago: Pequeno, uniforme, elíptico de seção regular e epiderme verde-amarelada; película de espessura média, com fraca intensidade de pruína; polpa não corada, mole e suculenta; pedicelo curto de difícil separação.

Sarmento: Castanho amarelado.

Fenologia

Abrolhamento: Em simultâneo com a Fernão Pires.

Floração: Em simultâneo com a Fernão Pires.

Pintor: 4 dias após a Fernão Pires.

Maturação: 2 dias antes da Fernão Pires.

Potencial Vegetativo

Vigor: Médio.

Porte (tropia): Ereto.

Entrenós: Pequenos a médios.

Tendência para o desenvolvimento de netas: Pouca.

Rebentação múltipla: Fraca.

Índice de fertilidade: Medianamente elevado; Vara do 1.º gomo = 1,62; Vara do 2.º gomo = 1,76; Vara do 3.º gomo = 1,73 inflorescências por gomo abrolhado.

Produtividade: Baixa com material tradicional; Fonseca (1791) refere grande produção; Almeida (1990/98) conhece esta virtude. Com material de selecção clonal certificado, produz bem (10-17 t/ha). Valores RNSV: 2,94 kg/pl (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Palmela, durante 5 anos).

Estabilidade da produção (diferentes anos e localidades): Regular.

Homogeneidade de produção (entre as plantas): Uniforme.

Índice de Winkler (somatório de temperaturas ativas): 1.250 h acima de 10° C com 14 t/ha de produção (Montemor-o-Novo).

Produção recomendada: 7.000 l/ha.

Sensibilidade abiótica: Casta robusta.

Sensibilidade criptogâmica: Sensível ao Oídio e à podridão; moderadamente sensível ao Míldio.

Estado sanitário (sistémico) antes da seleção: 20% GLRaV3, 20% GVA, >50% RSPV.

Sensibilidade a parasitas: Casta robusta.

Tamanho do cacho: Pequenos 120 g.

Compactação do cacho: Elevada.

Bago: Pequeno 1,3 g.

Película: Medianamente espessa.

Nº de graínhas: 2,3 por bago.

Potencial Agronómico

Sistema de condução: Todos os tipos de condução são possíveis.

Solo favorável para obter qualidade: Todos, desde que secos e férteis ou bem drenados.

Clima favorável: Dá-se bem com o calor, mas também se adapta com facilidade a climas frescos (Açores).

Compasso: Adapta-se a qualquer compasso adequado ao solo.

Porta-enxertos: Boa afinidade com todos os porta-enxertos tradicionais, medianamente e muito produtivos.

Desavinho/Bagoinha: Muito pouco susceptível.

Conservação do cacho após maturação: Devido a ser precoce, tem poucos problemas.

Proteção contra ataques de pássaros: Necessária, por vezes.

Aptidão para vindima mecânica: Boa, no caso de temperaturas baixas.

Potencial Enológico

Tipo de vinho: Vinho de qualidade, vinho generoso.

Grau alcoólico provável do mosto: Muito bom (13-14% vol.). Valores RNSV: 13,25% vol. (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Vila Real, durante 5 anos).

Acidez natural: Média e baixa. Valores RNSV: 4,67 g/l (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Vila Real, durante 5 anos).

Sensibilidade do mosto à oxidação: Baixa.

Tonalidade: Cítrica.

Sensibilidade do vinho à oxidação: Baixa.

Análise laboratorial dos aromas: Compostos precursores do aroma – A casta tem mediana presença de compostos terpénicos livres (2003, Douro); 3,7 μg/l linalol; 6,9 μg/l α-Terpineol; 4,1 μg/l Citronelol; 4,5 μg/l Nerol; 4,1 μg/l geranol. A análise sensorial desta casta apresenta um dos maiores valores de aromas florais.

Capacidade de envelhecimento do vinho: Muito boa.

Recomendação para lote: Cerceal Branco, síria.

Potencial para vinho elementar: Muito bom.

Caracterização habitual do vinho: A intensidade aromática do seu vinho é boa, com tipicidade, lembrando cheiros de camomila, ameixa e outros, formando um frutado bouquet com alguma complexidade. Na boca é evolvente, com acidez mediana, tem um bom corpo e um agradável aroma retronasal. Ao terminar da prova, o gosto final decepciona um pouco, devido à sua fraca acidez, ficando uma sensação final, na boca, plana e pouco alegre (A. Almeida, 1990/98).

Qualidade do vinho: Muito elevada. Esta casta tem elevada flexibilidade de adaptação a outras regiões (Alentejo, Açores) com seguramente superior importância no futuro encepamento nacional.

Particularidades da casta

Particularidade da casta: Ampelograficamente (folha e cacho) é muito semelhante à casta francesa sauvignon Blanc. Casta bastante produtiva, muito precoce e de elevada plasticidade. Qualidade elevada, com aromas florais, podendo incluir-se em lotes, ou como vinho elementar.

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