Tinta Barroca

Origem da casta: Douro.

Região de maior expansão: Douro, África do sul (com a denominação errada de Rufeto). Com esta denominação não se encontra na literatura antiga.

Sinónimos oficiais (nacional e OIV): Não há.

Sinónimos históricos e regionais: Actualmente não existem. Antes de 1800: Tinta Grossa, Tinta Vigária, Tinta Gorda (Almeida, 1992).

Homónimos: Desconhecidos.

Superfície vitícola actual: 7.000 ha.

Utilização atual a nível nacional: 2,4%.

Tendência de desenvolvimento: Fortemente crescente.

Intravariabilidade varietal da produção: Intermédia.

Qualidade do material vegetativo: Material policlonal RNSV; clones 9 e 129 JBP.

Classificação Regional

Vinho de Qualidade DOC: «Porto», «Douro», «Alenquer», «Torres Vedras», «Ribatejo».

Vinho regional: «Minho», «Trás-os-Montes», «Estremadura», «Ribatejano», «Terras do Sado», «Alentejano».
 

Morfologia

Extremidade do ramo jovem: Aberta, com pigmentação antociânica forte e generalizada, com baixa densidade de pêlos prostrados.

Folha jovem: Amarela com placas acobreadas, página inferior com média densidade de pêlos prostrados.

Flor: Hermafrodita.

Pâmpano: Estriado de vermelho, gomos com fraca intensidade antociânica.

Folha adulta: Média, orbicular, trilobada; limbo verde médio, plano, bolhosidade média, página inferior com média densidade de pêlos prostrados; dentes médios e rectilíneos; seio peciolar aberto, base em V, seios laterais em V aberto.

Cacho: Grande, cónico-alado, medianamente compacto, pedúnculo comprido.

Bago: Arredondado, médio, negro-azul, película de espessura média, polpa mole.

Sarmento: Castanho escuro.

Fenologia

Abrolhamento: Precoce, 5 dias após a Castelão.

Floração: Precoce, 2 dias após a Castelão.

Pintor: Muito precoce, 9 dias antes da Castelão.

Maturação: Época média, uma semana após a Castelão.
 

Potencial Vegetativo

Vigor: Elevado.

Porte (tropia): Semi-ereto, algumas varas deitados.

Entrenós: Compridos.

Tendência para o desenvolvimento de netas: Média/elevada.

Rebentação múltipla: Alguma.

Índice de fertilidade: Vara do 1.º gomo = 1,4; vara do 2.º gomo = 1,8; vara do 3.º gomo = 1,9 inflorescências por gomo abrolhado.

Produtividade: Alto/muito alto (8-16 t/ha) conforme clone e ambiente. Valores RNSV: 1,46 kg/pl (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Vila Flor, durante 6 anos). 

Estabilidade da produção (diferentes anos e localidades): Anos de elevada produção, seguem-se anos de média produção.

Homogeneidade de produção (entre as plantas): Tem sempre boa produção, embora nalguns anos apresente tendência para produção excessiva (12-25 t/ha).

Índice de Winkler (somatório de temperaturas ativas): 1.400 h acima de 10° C com 16 t/ha de produção (Montemor-o-Novo).

Produção recomendada: Menos de 6.000 l/ ha.

Sensibilidade abiótica: Sensível ao excesso de calor sobretudo com stress hídrico, que provoca escaldão do cacho. É das primeiras castas a sofrer com a falta de água.

Sensibilidade criptogâmica: Sensível ao Míldio e ao Oídio. Sensível à podridão apesar dos cachos soltos. Moderadamente sensível à Escoriose.

Estado sanitário (sistémico) antes da seleção: 40% GLRaV1, 69% GLRaV3, <50% GfkV.

Sensibilidade a parasitas: Sensível à Cigarrinha Verde.

Tamanho do cacho: Médio/grande (250-500 g).

Compactação do cacho: Pouco compacto.

Bago: Médio grande (1,5-2,5 g), conforme clone.

Película: Média espessura.

Nº de graínhas: 1,6-2,5 por bago.

Potencial Agronómico

Sistema de condução: Todos os tipos tradicionais.

Solo favorável para obter qualidade: Terrenos profundos e férteis com alguma humidade, também zonas de elevada altitude.

Clima favorável: Devido a um final de maturação muito rápido, em zonas muito quentes e secas entra facilmente em sobrematuração.

Compasso: Adapta-se a todos os compassos adequados ao vigor da casta.

Porta-enxertos: Adapta-se bem à maioria dos porta-enxertos, em função do tipo de solo e do nível de produtividade exigida.

Desavinho/Bagoinha: Alguma susceptibilidade. Perigo de Bagoinha

Conservação do cacho após maturação: Perigo de sobrematuração e de passas.

Proteção contra ataques de pássaros: Torna-se necessária.

Aptidão para vindima mecânica: Boa aptidão.
 

Potencial Enológico

Tipo de vinho: Vinho de qualidade e vinho generoso.

Grau alcoólico provável do mosto: Elevado (13-15% vol), em condições adequadas. Valores RNSV: 14,56% vol. (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Vila Flor, durante 4 anos).

Acidez natural: Média (4-6 g/l). Valores RNSV: 3,496 g/l (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Vila Flor, durante 4 anos).

Autocianinas totais: 580-780 mg de malvidina/cm3, conforme ambiente e clone. Valores RNSV: 806,57 mg/l (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Vila Flor, durante 1 ano).

Índice de polifenóis totais (280nm) do mosto: 31-36. Valores RNSV: 56,04 (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Vila Flor, durante 4 anos).

Sensibilidade do mosto à oxidação: Baixa. Características dos vinhos

Intensidade da cor: 6,60-7,20. Média. Película muito pigmentada. Perde bastante cor com o envelhecimento.

Tonalidade: 0,54-0,64. Mesmo vinhos velhos mantêm a cor rubi.

Taninos: Monomérico 1,3-1,7 mg/l; oligom. 1,1-3,7 mg/l; polim. 4,3-10,9 mg/l (maceração pelicular).

Índice de polifenóis totais (280nm) do vinho: 21.

Sensibilidade do vinho à oxidação: Baixa.

Análise laboratorial dos aromas: Compostos precursores do aroma – Análise no Douro (1999). Tem concentrações elevadas (90 μg/l) em terpenóis livres, presentes acima do limite de percepção olfativa, responsáveis pelos aromas florais. Tem teores em ß-Damascenona acima de (2 μg/l) e alguns Norisoprenóides. Em comparação com outras castas tintas do Douro, os dados sensoriais têm a melhor classificação nas notas de persistência e equilíbrio na boca.

Capacidade de envelhecimento do vinho: Geralmente boa, com particular aptidão para envelhecimento em madeira.

Recomendação para lote: Castas tintas do vinho do Porto.

Potencial para vinho elementar: Historicamente, contribui para vinhos de lote de alta qualidade. Na atualidade, especialmente no Alentejo, permite vinhos de qualidade muito elevada.

Caracterização habitual do vinho: O aroma é horizontal, ou seja, tem um acesso ao nariz lento, aveludado, delicado, como que pedindo que se mergulhe no seu interior. Esta sua característica aromática aberta e feminina contrasta bem com a da casta Roriz. O aroma floral aparece com mais frequência nos sítios mais húmidos (Almeida 1990).

Qualidade do vinho: Varia com as condições edáficas. Quebra acentuada com produções superiores a 3 kg/pl.

Particularidades da casta

Particularidade da casta: Reconhece-se pelo seu elevado vigor e pelo comprimento de algumas varas. Apresenta o perigo de atingir estado de sobrematuração precoce, devido à desidratação através da fina película dos seus bagos. Casta de produção elevada.

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