Loureiro

Origem da casta: Casta muito antiga do Noroeste de Portugal, é de presença recente em Espanha (Galiza). Lobo (1790) refere uma casta Loureira em Melgaço e Vila Nova de Cerveira (Minho). Vila Maior (1875) conhece a casta como Loureira, na Ribeira do Lima. Abela e sainz de Andino (1885) referem a casta em Espanha como Lauren blanco.

Região de maior expansão: Minho, sub-região de Ponte de Lima.

Sinónimos oficiais (nacional e OIV): Loureira (Es), Marques (E).

Sinónimos históricos e regionais: Loureira (Lobo, 1790; Vila Maior, 1866.), Lauren blanco.

Homónimos: Desconhecidos em Portugal.

Superfície vitícola atual: Portugal 5.200 ha; Espanha 503 ha.

Utilização atual a nível nacional: 0,45% (P).

Tendência de desenvolvimento: Crescente.

Intravariabilidade varietal da produção: Média-alta.

Qualidade do material vegetativo: Material policlonal RNSV. Clones 81-84 ISA, sel. 666 JBP. Espanha: existe seleção clonal sanitária realizada na Galiza.

Classificação Regional

Vinho de Qualidade DOC: «Vinho Verde», sub-regiões de Sousa, Ave, Cávado, Lima, Monção, Paiva. Espanha: DO Monterrei, Rias Baixas, Ribeira Sacra e Ribeiro.

Vinho regional: «Minho», «Beiras», «Terras do Sado».

Morfologia

Extremidade do ramo jovem: Aberta, com orla carmim e elevada densidade de pêlos aplicados.

Folha jovem: Verde, com elevada densidade de pêlos prostrados na página inferior.

Flor: Hermafrodita.

Pâmpano: Verde, com gomos verdes.

Folha adulta: De tamanho médio, pentagonal, com cinco lóbulos; limbo verde médio, irregular, medianamente bolhoso, página inferior com média densidade de pêlos prostrados; dentes curtos e convexos; seio peciolar pouco aberto, com a base em V, seios laterais fechados em U.

Cacho: Médio, cónico-alado, medianamente compacto, pedúnculo de comprimento médio.

Bago: Arredondado, médio e verde-amarelado; película de espessura média, polpa mole.

Sarmento: Castanho escuro.

Fenologia

Abrolhamento: Precoce, 1 dia após a Fernão Pires.

Floração: Época média, 2 dias após a Fernão Pires.

Pintor: Tardio, 15 dias após a Fernão Pires.

Maturação: Tardia, duas semanas após Fernão Pires.

Potencial Vegetativo

Vigor: Médio.

Porte (tropia): semi-ereto.

Entrenós: Médios/compridos.

Tendência para o desenvolvimento de netas: Não muito habitual.

Índice de fertilidade: Índice de fertilidade elevado; apresenta 2 inflorescências por lançamento (EVAG 2001).

Produtividade: Elevada (10.000-18.000 kg/ ha). Valores RNSV: 7,97 kg/pl (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Póvoa de Lanhoso, durante 4 anos).

Estabilidade da produção (diferentes anos e localidades): Estável.

Homogeneidade de produção (entre as plantas): Regular.

Índice de Winkler (somatório de temperaturas ativas): 1.268 h acima de 10° C (Arcos de Valdevez).

Produção recomendada: 8.000 l/ha.

Sensibilidade abiótica: Sensível ao sol e à seca.

Sensibilidade criptogâmica: Sensível ao Oídio, Escoriose, Botritis do cacho e Míldio. Estado sanitário (sistémico) antes da seleção: 45% GLRaV3, <50% RSPV.

Sensibilidade a parasitas: Ácaros.

Tamanho do cacho: Médio (270 g) em zona quente, até comprido (406/484 g) na região do Vinho Verde.

Compactação do cacho: Medianamente compacto.

Bago: Médio/pequeno (1,7 g).

Película: Medianamente espessa.

Nº de graínhas: 2,1-2,6 por bago.

Potencial Agronómico

Sistema de condução: Adapta-se a todas as formas de condução. Tradicionalmente, é conduzida nas árvores e nas latadas. Atualmente adapta-se ao cordão e ao guyot.

Solo favorável para obter qualidade: Solos profundos e de média fertilidade, algo secos.

Clima favorável: Exige proteção do vento e dá-se bem com humidade no ar.

Compasso: Todos os intervalos experimentados deram bons resultados.

Porta-enxertos: Média/boa afinidade com a maioria das variedades.

Desavinho/Bagoinha: Podem ocorrer.

Conservação do cacho após maturação: Sensível, não aguenta muito.

Proteção contra ataques de pássaros: Não necessária.

Aptidão para vindima mecânica: Possível, no caso de baixas temperaturas; o pedúnculo solta-se facilmente.

Potencial Enológico

Tipo de vinho: Vinho Verde jovem.

Grau alcoólico provável do mosto: Conforme a região. No Minho, tem baixo teor (11% vol); no Dão, atinge 13° (Loureiro, 2002). Valores RNSV: 10,22% vol. (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Braga, durante 8 anos).

Acidez natural: Mediana até alta. Valores RNSV: 10,27 g/l (média de, no mínimo, 40 cultivares, registada em Braga, durante 8 anos).

Sensibilidade do mosto à oxidação: Média.

Intensidade da cor: Fraca.

Tonalidade: Citrina.

Sensibilidade do vinho à oxidação: Média.

Análise laboratorial dos aromas: Compostos precursores do aroma – Elevada presença de compostos terpénicos livres (172 μg/l), basicamente α-Terpineol (123 μg/l). segundo análise sensorial (Cerdeira, 2004), aromas: floral, frutos citrinos, frutos de árvore, algum fruto tropical. Boa estrutura, equilíbrio e persistência.

Capacidade de envelhecimento do vinho: Vinho para ser bebido no ano.

Recomendação para lote: Arinto.

Potencial para vinho elementar: Elevado na região do Minho.

Caracterização habitual do vinho: Aroma floral de loureiro, tília, laranjeira e acácia, bem como frutado de laranja, pêssego e, por vezes, maçã «Golden» (Loureiro, 2002), sabor frutado, com ligeiro acídulo, fresco, harmonioso, encorpado e persistente (EVAG, 2001).

Qualidade do vinho: De boa até muito elevada, conforme condições climáticas.

Particularidades da casta

Particularidade da casta: Casta particularmente indicada para uma especialidade portuguesa, a dos Vinhos Verdes, com aromas muito nobres de composição terpénica, por vezes marcados, e aroma a folha de louro.

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